Raphael Dagaz explica os malefícios e como esse serviço é visto no mercado
São conhecidas como “Fazendas de Cliques ou Like” as peseudo-empresas que se organizam para gerar engajamento, tidos como “reais”, para contas e perfis nas redes sociais. A partir deste serviço, é possível contratar desde novos seguidores, até visualizações em vídeos dos stories e Reels.
Essas organizações recrutam milhares de pessoas, prometendo ganhos acima de 2 mil reais para que elas interajam com centenas de perfis e contas, que contratam esses serviços com o objetivo de gerar números altos de curtidas, likes e visualizações.
As pessoas que são contratadas para interagir ganham por performance, ou seja, quanto mais vídeos elas assistirem, mais curtidas elas derem em conteúdos aleatórios, mais elas ganham dinheiro. Porém, segundo um estudo feito pela DigiLabour, essas empresas pagam menos de 1 centavo por interação e, para que as pessoas possam ganhar dinheiro com isso, precisam passar horas de seus dias assistindo e interagindo nos conteúdos.
Para o especialista em marketing de influência, CEO e fundador da Dagaz Influencer, Raphael Dagaz o que se deve ser analisado no momento de preparar uma estratégia de campanha é que a necessidade de construir autoridade passa pela credibilidade que a audiência dá ao influenciador, e não através do engajamento de pessoas que querem apenas fazer uma renda extra-online.
“Nessa cadeia exploratória, ninguém ganha nada com isso: influenciador não constrói autoridade, marca não alcança mais pessoas para conhecerem seus produtos e serviços, e nem as pessoas que estão interagindo com aquilo ganham, pois estão sendo exploradas e tendo seu tempo e trabalho precarizados. Só quem ganha de fato com isso são essas pseudo-empresas, que faturam sobre todos os lados”, fala Dagaz.
Os contratantes desses “serviço” são perfis variados, desde influenciadores, até empresas que buscam notoriedade no digital, políticos, jogadores de futebol. Para os criadores de conteúdo e suas agências, que topam investir nesse tipo de negócio obscuro, o objetivo é elevar o alcance e engajamento de seus perfis nas redes sociais, como forma de mostrar que aquele perfil é melhor que outro.
Mas a marca que fecha contrato com influenciadores que fazem uso desse tipo de fraude, vai se deparar com um ROI incompatível com a realidade dos números apresentados pelo criador de conteúdo em seu media kit. Isso porque não entregará para a marca um valor real da sua autoridade, e sim um amontoado de interações de pessoas que não possuem o menor interesse naqueles conteúdos, ainda mais no produto em si.
“É necessária uma mudança cultural nesse sentido, onde as marcas passem a valorizar mais o conteúdo de qualidade, desenvolvido por pessoas que tenham real autoridade em seus nichos, e que o façam de forma ética e transparente. Dessa forma, tenho certeza de que notaremos uma diminuição na contratação desse tipo de serviços por parte de influenciadores, assim como uma diminuição na criação de subempregos, que forçam nossa economia a ser cada vez mais impactada pela desvalorização do mercado de trabalho”, conta Raphael, que ainda completa.
“É preciso que os profissionais de marketing passem a conhecer mais do mercado em que estão inseridos, sabendo que existem centenas de práticas fraudulentas, e prevenindo-se de fazer contratações infundadas. Conhecer o mercado, ferramentas de análise e contratar serviços mais qualificados e dedicados a encontrar os melhores perfis para divulgar seus produtos para pessoas de verdade é a estratégia ideal. E ainda, as marcas precisam adotar novas posturas diante da contratação de criadores de conteúdo, abrindo mão de valorizar apenas a performance vaidosa que têm os números das redes sociais”.